“DESABAFO

Companheiras e companheiros do Partido Socialista Brasileiro.

Permitam-me um desabafo!

Não consigo permanecer em silêncio. Não vou à imprensa dar publicidade ao que me aconteceu, mas entre as companheiras e companheiros eu preciso desabafar.

Tenho 75 anos de idade. Sobrevivente de uma internação em UTI por mais de 100 dias, muitos deles em coma profundo, submetido a três cirurgias, duas cardíacas com implantação de válvula aórtica. Quinze infecções gerais. Tudo passou.

Eu nunca esperei receber a agressão que me desferiu o presidente do meu Partido. Até porque alem da minha avançada idade eu acreditava ser credor do reconhecimento e do respeito pelos serviços prestados ao PSB.

Desde jovem dediquei-me ao meu querido PSB ( filiado em 1961) do qual nunca me afastei , ao longo de 50 anos.

Nunca me abriguei em outra legenda nem assumi outra bandeira que não a do PSB. No golpe de 64 meu mandato foi cassado e vi interrompida minha carreira profissional.

Por ocasião da redemocratização devotei-me apaixonadamente para a reorganização do nosso PSB. Acompanhei o trabalho dos companheiros Ciro Cunha, Pila Vares (ambos falecidos), Luis Lopes Burmeister, Bruno Costa, Walter Hahn, Siderlei Oliveira, Nicola Falci, Saul Calvete, Glenio Argemi e Mario Provenzi. Nosso partido, então, cabia todo em uma Kombi e sobrava lugar.

Foi longo e penoso o esforço. Conseguimos o registro provisório e então já contando com uma bancada na assembléia legislativa sob a liderança do combativo companheiro Jauri Oliveira obtivemos o registro partidário de acordo com a legislação da época. Relembro, por dever de justiça, o trabalho de operário socialista daquele deputado cassando filiações nas ruas de Porto Alegre.

Hoje, vocês conhecem o tamanho do PSB. Certamente ele seria ainda maior e mais pujante e fiel aos ideais socialistas se tivesse se conservado aberto, transparente e democrático. Não teríamos perdido figuras do porte de um Bernardo de Souza , de um Jauri Oliveira e de tantos outros que preferiram se afastar da militância para não enfrentar uma estrutura de comando partidário monocrática.

Não tenho dúvidas, não cometo injustiças se afirmar que nosso processo de comando partidário é centralizador e evita a participação da militância para definir os rumos, a participação nos órgãos de governo, e os entendimentos para as coligações eleitorais.

Um decide, poucos acólitos que loteiam o poder, acolhem as decisões que são impostas aos escalões menores.

Essa forma de ser é conhecida de todos.

Dei entrevista ao Jornal do Comércio no dia 14 do corrente. Entrevista respeitosa, sem agressões, resgatando o passado do partido e destacando seus compromissos históricos com a participação popular, com a democracia e com a vocação de transformar o Estado para comprometê-lo com a nação.

Por via de conseqüência o partido enquanto organização popular deve se conduzir para ser o retrato modelo do estado que desejamos.

Essa entrevista eu transcrevo abaixo para juízo das(os) das(os) companheiras (os).

Recebi cumprimentos de muitas pessoas pelo conteúdo da mesma.

Surpreendente que dois dias depois a Direção do PSB comunica pela imprensa que a reeleição do Presidente Caleb já estava decidida.

Foi a resposta do autoritarismo.

Cabe perguntar:

- para que realizar o Congresso Estadual?

- vamos “fazer de conta” que o congresso decide o que já está decidido?

Eis porque dei minha solidariedade aos companheiros que após inúmeras tentativas de participação efetiva na definição de um encaminhamento consensualizado, viram negada essa possibilidade. A direção foi irredutível e não abriu mão da definição da chapa de forma autoritária e monocrática.

E o que sucedeu a seguir?

Marcamos entrevista com o presidente Caleb para as 10 horas de ontem na sede do Diretório Estadual.

Acompanhávamos os Deputados Heitor Schuch e Catarina e outros militantes.

Pasmem!

É verdade.

O presidente se negou a receber-nos e o que é mais grave nem, ao menos me cumprimentou.

Tudo bem, é um direito dele o de ser mal educado. Mas se negar a receber o presidente de honra do Partido passa dos limites. Não está agredindo a pessoa mas ao próprio congresso que por aclamação concedeu-me esse título de honra.

Só essa atitude já justifica a eleição do Deputado Heitor Schuch como presidente do PSB.

Tudo farei para promover essa mudança que significa votar pela gestão transparente e democrática.

O que justifica a nossa existência como Partido político é muito mais do disputar cargos remunerados para fazer a carreira de poucos agraciados.

É muito mais do que isso.

A leitura atenta do nosso Manifesto Programa oferece a verdadeira vocação do PSB que queremos.

Venha conosco, ajude-nos a redefinir os rumos da gestão real em busca do cumprimento da nossa ideologia.

Saudações Socialistas

Fulvio Celso Petracco “