ANÁLISE

Tarso apresenta Dilma como fiadora. E a oposição desperdiça o precioso tempo

O centro da estratégia de Tarso Genro como candidato incumbente ao governo do Estado indica a saída possível: apresentar Dilma como avalista de seu governo assegurando que ele fará um segundo mandato melhor. Segundo colocado nas pesquisas (Datafolha e Methodus), e com altíssima rejeição, Tarso almeja uma gradativa “transfusão de sangue” no curso do horário eleitoral apostando na esmagadora intenção de voto dos gaúchos em Dilma para presidente.  Fiel à retórica petista tradicional, ele demarcou terreno e classificou sua derrota de retrocesso: “Não vamos começar do zero”!

Tarso desfilou um conjunto de testemunhais-vitrine de programas do governo federal e desta forma preparou a cama para sua ‘garota-propaganda’ entrar em cena. Dilma apenas adaptou ao Rio Grande o malabarismo retórico de Lula ao eleitor brasileiro: “Tarso vai fazer um segundo mandato muito melhor que o primeiro”.  Foi assim que o petista entrou em campo, trocando o “alinhamento das estrelas” por certo “compartilhamento”, um genérico publicitário, que tira coelho de qualquer cartola. Mas Tarso disse a que veio!

Ana Amélia fez uma linha contida, moderada, no tom da esperança, como diz o seu jingle. Escolheu como cenário a sobriedade de um lar classe A, caprichou no gauarda-roupa, voltou a receitar austeridade fiscal e boa aplicação de impostos Mas não pontuou a transformação que pretende deixando de explicitar o que vai alterar. Pareceu demasiadamente preocupada com a manutenção da liderança nas pesquisas e com a consolidação de sua imagem como uma líder política, experiente, que sabe o que vai fazer no governo. Repisou um chavão das campanhas  majoritárias desta terra qual seja o de fazer um  Rio Grande melhor unindo os gaúchos, etcetera e tal.

Quem ensaiou uma tímida crítica à gestão Tarso foi o candidato do PMDB, José Ivo Sartori. Mas o fez como se estivesse contando um filme. Tipo assim: “sabe aquela cena que se repete no cinema e que nunca muda”. Ele recorreu ao argumento cinematográfico para dizer que “não saímos de 2010, aliás, voltamos no tempo”. Para mais ou para menos, Sartori amarga um esquálido terceiro lugar nas intenções de voto e sua campanha demonstra o calvário de um candidato majoritário do PMDB do Rio Grande. Para piorar, o enredo criado por sua marquetagem “meu partido é o Rio Grande” não dá samba. É uma tarefa pra gênio trabalhar bem esse conceito porque se trata de uma formulação exageradamente transbordante. 

Vieira da Cunha mostrou um audiovisual do seu currículo, que a certa altura despertou a lembrança de um folclórico debate entre Vieira X Alceu Collares, (ano 2.000) numa prévia do PDT para escolha do candidato a prefeito de Porto Alegre. Collares, irritado com os arroubos verbais de Vieira, interroga: “Como fazes isso comigo, Vieirinha, se quando eu era prefeito te botei no lixo e, depois, como governador, te botei na luz?”. É que Vieira tinha sido nomeado pelo “Negrão” para a diretoria do DMLU e, em outra oportunidade, para a presidência da CEEE, dois cargos que conferem consistência à carreira de gestor público do candidato do PDT, registrados com a devida ênfase no horário eleitoral.

O primeiro espaço destinado aos candidatos ao governo do estado mostrou a oposição desperdiçando, de alguma forma, o sentido de urgência para com os problemas do Rio Grande. Trata-se da repetição de um mesmo roteiro e da falta de posição mais ativa, que dê conta de uma forma mais contundente de debater idéias, de sugerir providências, de propor programas. Algo que enfrente a mesmice e a indiferença!

Uma rápida nota sobre a disputa ao Senado

 Olívio Dutra foi apresentado de forma caricatural como se o bigode e o chapéu de palha fossem peças-chave para vencer a corrida ao Senado. Já Lasier Martins, como atento fiscal da moralidade gaúcha, diz que está trocando 40 anos de jornalismo por uma candidatura por pura indignação. E arremata: “Meu público me acompanha”. Plim-Plim!