O estudo completo

 

Mesmo diante do cenário de instabilidade político-econômica no Estado e no Brasil, o setor supermercadista gaúcho projeta atingir, com a comercialização de produtos para as ceias de Natal e de Ano-Novo e de presentes de menor valor agregado, um crescimento real de 1,25% nas vendas de fim de ano, na comparação com as festas do final do ano passado. Em valores nominais, o incremento nas vendas de Natal e Ano-Novo deverá ficar na casa dos 8,89%, segundo estudo encomendado pela Associação Gaúcha de Supermercados ao Instituto Methodus e divulgado nesta quinta-feira (5) pelo presidente da Agas, Antônio Cesa Longo. A pesquisa Natal e Ano-Novo na perspectiva de consumidores e supermercadistas ouviu 200 consumidores de 18 a 70 anos de diferentes classes sociais, entre 1 e 3 de outubro, e 20 diretores de empresas do setor de todos os tamanhos e regiões do Estado. Conforme Longo, o endividamento dos consumidores fará com que, neste ano, a tendência seja de busca por presentes menores e de mais gaúchos pagando as compras das festas à vista.

 

 

AS PROJEÇÕES DOS CONSUMIDORES

 

De acordo com o levantamento do Instituto Methodus, ainda que 46% dos consumidores pretendam gastar menos neste fim de ano do que no mesmo período do ano passado, o setor supermercadista aumentará, de 49,9% (2014) para 52,2% (2015), a participação média no total gasto pelos gaúchos em suas festas de fim de ano. “O supermercado permanece como terceira opção para compras de presentes, atrás de shoppings e lojas de rua, mas segue líder absoluto como local favorito para as compras de produtos para a ceia. Com o cenário de incerteza econômica, mais pessoas vão comemorar em casa com as famílias o Reveillón, o que alavancará as vendas do setor”, projeta Longo. Segundo a pesquisa do Instituto Methodus, cada gaúcho projeta gastar em média R$ 315,22 em presentes e R$ 345,09 em produtos alimentícios, decoração e bebidas para as festas.

 

Gastos com presentes – Um dos dados positivos da pesquisa mostra que 87,5% dos gaúchos pretendem comprar presentes neste Natal. Entre os consumidores que vão adquirir presentes, 74,3% vão contemplar crianças, mostrando o crescimento do poder de decisão do público infantil no resultado das datas festivas. Por isso, os supermercados ampliaram a compra de brinquedos pequenos e mais baratos, como carrinhos e bonecas, que deverão atender à demanda por presentes de menor preço. “O levantamento mostra que cada gaúcho pretende presentear em média 3 crianças, o que corrobora este cenário de busca por presentes de menor valor agregado”, destaca Longo. Além dos shoppings e lojas, o setor de supermercados terá a concorrência de internet e de camelôs, também citados pelos entrevistados, na busca por estes clientes. “Estimamos que um em cada três presentes seja adquirido em supermercados neste Natal, mas este percentual deve aumentar na véspera. Pela localização e comodidade, o setor ganha força entre os consumidores que deixam para comprar os presentes nos últimos dias que antecedem o Natal”, aposta o dirigente da Associação.

Conforme os dados do Methodus, os brinquedos (40,8%) dividirão a liderança como presente mais adquirido em supermercados com as bebidas (40%). “Neste particular, amplia-se o leque de opções em cervejas artesanais, um segmento que vem crescendo 30% em 2015”, sublinha o presidente da Agas. As roupas (22,4%), os alimentos (18%) e os artigos de bazar (10,2%) também foram lembrados pelos entrevistados como presentes que serão potencialmente adquiridos nas gôndolas do setor.

 

Produtos para a ceia de Natal e o Réveillon – Quando o assunto é a aquisição de alimentos e de bebidas para as festas, os supermercados assumem a liderança disparada da preferência dos gaúchos. A pesquisa do Instituto Methodus mostra que 93,7% dos consumidores pretendem compras produtos para as ceias de Natal e Ano-Novo nas lojas do segmento. Em uma questão de múltipla escolha, os entrevistados foram convidados a marcar os itens que irão certamente adquirir nas festas de fim de ano em supermercados. O grande líder de procura deverá ser o refrigerante:

 

Os líderes de procura

Total (%)

Refrigerante

76,3%

Peru/ Chester/ Pernil

73,7%

Panetone

66,1%

Lentilha

64,4%

Cerveja

59,3%

Espumante

53,4%

Carne bovina

46,6%

Carne suína

39,8%

Especiarias e frutas secas

34,7%

Bombons

22%

Peixes/ Bacalhau

12,7%

Vinhos nacionais

10,2%

Vinhos importados

5,1%

Destilados

3,4%

 

O que não pode faltar – Questionados sobre o que não pode faltar nas festas de fim de ano, os consumidores apontaram para diferentes produtos em cada celebração. O item mais lembrado do Natal segue sendo o peru, mas no Réveillon a lentilha superou, pela primeira vez, o espumante como item indispensável para os gaúchos:

 

O que não pode faltar no Natal

Total

(%)

 

O que não pode faltar no Ano-Novo

Total

(%)

Peru/ Chester/ Pernil

67,8%

 

Lentilha

35,6%

Carne bovina

10,2%

 

Espumante/ Champanhe

19,5%

Panetone

7,6%

 

Carne suína

16,9%

Cerveja

4,2%

 

Carne bovina

12,7%

Espumante

1,7%

 

Cerveja

3,4%

Saladas

1,7%

 

 

Peru/ Chester/ Pernil

3,4%

Outros

6,8%

 

 

Outros

8,5%

A escolha dos supermercados – O dado do estudo mais comemorado pelo presidente da Agas mostra que 96,6% dos gaúchos consideram possível a hipótese de comprarem tudo o que precisam para o Natal e o Ano-Novo somente nos supermercados, incluindo presentes e produtos para as festas. “Este será um Réveillon de comemorações com a família. A lei seca e a retração no poder de compra oportunizará mais festas em casa”, prevê Longo. Além disso, o presidente estima que o aumento do endividamento e do desemprego, bem como os crescentes gastos com energia elétrica, combustíveis e inflação, acarretarão em menos viagens neste fim de ano. “O consumidor quer comemorar, mas está com os pés no chão e mais atento do que nunca. A oportunidade de perceber diariamente as mudanças nos anseios dos clientes é uma das razões pelas quais os supermercados vêm sendo menos afetados pela crise do que outros setores do varejo”, observa Longo.

 

Para os consumidores ouvidos, a incidência de promoções é apontada como o principal fator de escolha do supermercado no período das festas. No restante do ano, entretanto, os gaúchos disseram valorizar primordialmente o bom atendimento ao escolherem seu supermercado favorito.

 

Mais compras à vista – Com relação aos meios de pagamento, a pesquisa mostra que os gaúchos estão preferindo pagar à vista suas compras: dois em cada três consumidores apontaram que efetuarão suas compras com dinheiro ou cartão de débito, um índice de pagamento à vista que não era registrado desde 2012. “Reflete o temor do endividamento”, sublinha Longo. O pagamento com cheque é um comportamento ultrapassado – menos de 1% dos entrevistados vão pagar desta forma.

 

Como pretende pagar

2012

2013

2014

2015

À vista

66,0%

32,5%

52,5%

64%

A prazo

33,9%

67,5%

47,5%

35,9%

 

A importância do 13º salário – Segundo estimativas da Agas, o setor supermercadista gaúcho vai absorver cerca de R$ 2 bilhões dos cerca de R$ 10 bilhões (ou 20%) a serem injetados na economia gaúcha pelo 13º salário. Neste sentido, Longo alerta para a importância do pagamento do 13º salário para o funcionalismo estadual na engrenagem que faz girar a economia. Questionados sobre como vão utilizar seu 13º salário, os gaúchos apontaram que:

 

Como pretende usar o 13º salário

Total (%)

Economizar/ poupar

26,5%

Renegociar dívidas

21%

Viajar

13,5%

Comprar presentes

12%

Gastar nas festividades de fim de ano

10,5%

Reformar a casa

3,5%

Pagar impostos de 2016

3%

Trocar automóvel

3%

Outros

7%

 

 

Mais gastos no Natal – Os dados do Instituto Methodus apontam que 54,7% dos gaúchos vão gastar mais no Natal do que no Ano-Novo. 33,3% irão gastar mais no Réveillon, e o restante dos entrevistados atribui igual importância para as duas dadas no seu orçamento. “Esta intenção dos gaúchos mostra, novamente, uma inclinação para a compra de presentes e menos viagens”, analisa Longo.

SUPERMERCADOS APOSTAM EM PROMOÇÕES

 

Ainda que o setor esteja registrando crescimento zero no acumulado do ano no RS, a expectativa dos supermercadistas ouvidos pelo Instituto Methodus aponta para um crescimento na casa dos 1,25% nestas festas de fim de ano, já descontada a inflação medida pelo IPCA/IBGE. Entre os empresários do setor ouvidos, 65% pretendem fazer promoções alusivas ao Natal e Ano-Novo, como ofertas, sorteios e entrega de brindes. Outro dado que mostra a aposta do setor nas datas festivas destaca que 95% das lojas de supermercado gaúchas terão decorações especiais de Natal. “O setor recebe diariamente quatro milhões de gaúchos nas lojas de todo o Estado, e o objetivo é criar uma atmosfera favorável e que oportunize, além de boas vendas, uma experiência de compras agradável aos clientes”, destaca o presidente da Agas.

 

Se por um lado a classe supermercadista se mostra otimista com as vendas de fim de ano, um dado chama a atenção negativamente: 70% dos mercados gaúchos não aumentaram o volume físico de compras de produtos típicos para as festas na comparação com o ano passado. Com relação aos importados, o número é ainda menos positivo: somente 5% dos supermercados aumentaram a compra de produtos de outros países em relação às festas de 2014. “O câmbio prejudicou a participação dos importados. Além disso, ainda que o crescimento financeiro seja zero, há uma queda média de 3% no volume físico de vendas em 2015”, destaca Longo.

 

Os produtos mais vendidos – Em uma questão de múltipla escolha, os supermercadistas entrevistados marcaram livremente os produtos que serão mais vendidos neste mês de dezembro no setor. As carnes serão as maiores apostas de vendas:

 

Os itens mais vendidos

Total (%)

Carnes/ Aves/ Suínos

70%

Espumantes

50%

Bebidas em geral

45%

Panetones

40%

Bombons

35%

Hortifrúti

25%

 

 

Preços – Em média, os preços dos produtos típicos das festas estão 8,5% superiores aos praticados no ano passado. O principal “vilão” será a carne bovina, com aumento médio de 12,5% nos preços. Puxados pela alta do dólar, os brinquedos vêm logo em seguida entre os itens que mais subiram (+11%), seguidos pelos vinhos importados (10,8%) e pelos refrigerantes (9,1%).

 

 

OS PRODUTOS MAIS TRADICIONAIS

 

Espumantes – A concorrência das cervejas artesanais refreará o crescimento dos espumantes no Natal. No entanto, no Ano-Novo a bebida será item indispensável para as comemorações da Virada. A expectativa de crescimento dos supermercados nesta categoria é de 4%, com a comercialização de 4,8 milhões de garrafas – 95% delas produzidas na Serra Gaúcha. No Réveillon deste ano, os filtrados e sidras perderão espaço para espumantes de maior valor agregado. “Os gaúchos querem comemorar o Ano-Novo com qualidade, e a indústria já percebeu esta intenção”, sublinha Longo.

 

Panetones – Cerca de 4 milhões de unidades de panetones serão vendidas pelos supermercados gaúchos neste fim de ano. A comercialização de panetones industrializados novamente será bem maior que a de produtos artesanais, em função dos custos. Buscando oferecer panetones como opção de presente, a indústria ampliou o mix de opções deste item, com produtos que variam até 500% de preços entre o panetone mais simples e o mais sofisticado. “Nesta categoria, o segredo é a antecipação da exposição, que desperta o cliente para o consumo deste produto já a partir de outubro”, sublinha Longo. “Por questões culturais e climáticas, o gaúcho é tradicionalmente o maior consumidor per capita de panetones do Brasil, absorvendo 12% da produção nacional”, completa.

 

Aves natalinas – O aumento da concorrência na indústria beneficiará os consumidores na compra de aves, que terão diversas opções de marcas e preços. Os consumidores deverão, entretanto, privilegiar os “frangões” e aves mais acessíveis. Ao todo, 850 mil aves (ou 2,7 mil toneladas) serão comercializadas pelo setor.

 

Produto

Quantidade vendida

Faturamento para o setor

Aves natalinas (Peru, Chester, Tender, Frangão)

850 mil aves

R$ 33 milhões

Panetones

4 milhões de unidades

R$ 54,4 milhões

Espumantes e Champanhes

4,8 milhões de garrafas

R$ 68,9 milhões

 

 

Bombons – Tradicional presente de última hora, as caixas de bombons voltarão a ter crescimento destacado no fim de ano de 2015. Segundo o Instituto Methodus, 22% dos gaúchos vão comprar bombons no período de festas. A estimativa da Agas é de que cerca de 6 milhões de caixas de bombons sejam comercializadas pelos supermercados, com um crescimento de 7% nas vendas em relação ao fim de ano de 2014. “São o presente preferido de última hora, com pelo menos 2 milhões de caixas de bombons vendidas na semana imediatamente anterior ao Natal”, afirma Longo.

 

Representatividade das festas – A pesquisa do Instituto Methodus mostra que os produtos típicos de Natal e Ano-Novo vão representar em média 17,1% das vendas do setor em dezembro.

 

Vagas temporárias – A abertura de postos de trabalho será menor em 2015. O Instituto Methodus apurou que 100% dos supermercados que contratarão temporários para o fim de ano vão diminuir ou manter o número de vagas, ou seja, nenhuma empresa aumentará seu quadro de temporários em relação às festas de 2014.

 

Ao todo, serão criadas 3,5 mil vagas de trabalho temporário no setor para o período de Natal, Ano-Novo e veraneio, uma queda de 20% em relação aos postos de trabalho abertos no ano passado. “É um período de enxugamento de custos para o setor e o consumidor precisa estar preparado para, aos poucos, adaptar-se a esta nova realidade com menos prestação de serviços. Cerca de 15% dos temporários deverão ser efetivados”, sugere o presidente da Agas.

 

 

BALANÇO DO ANO E TENDÊNCIAS

 

Os supermercados gaúchos apontam para um crescimento nominal de 7% nas vendas no acumulado do ano, o que, em valores reais, significa crescimento zero para o setor até o mês de outubro. Segundo os supermercadistas ouvidos, a qualidade (45%) é o critério preponderante para os consumidores na escolha dos produtos no ponto de venda, superando o preço (40%), a exposição (10%) e a necessidade (5%).

 

O setor supermercadista vai fechar 2015 com:

 

Faturamento: R$ 25,5 bilhões

Número de lojas: 4,4 mil

Empregos diretos: 92,5 mil

Tendências e hábitos de consumo – Para 95% dos supermercadistas ouvidos pelo Methodus, 2015 trouxe mudanças nos hábitos de compras dos gaúchos. Entre as modificações mais notadas, 42,1% dos empresários do setor observam que o consumidor está migrando de marcas tradicionais para opções mais baratas; 21,1% dizem que o cliente está selecionando melhor os produtos; e 10,5% apontam que os gaúchos estão procurando produtos mais práticos.

 

O vaivém das vendas mostra mudanças no hábito de consumo dos gaúchos:

 

Vendas em alta em 2015                                            Vendas em baixa em 2015

Batata palha                                                                 Sucos de soja

Salgadinho                                                                   Sopas

Inseticidas                                                                    Óleo de soja

Chás prontos

 

 

Entraves para o crescimento – Perguntados sobre as maiores dificuldades para que o setor cresça, os empresários do ramo de autosserviço apontaram a falta de segurança (25%), a inflação (20%), a tributação alta (15%), a instabilidade econômica (15%) e as dificuldades de mão de obra (5%) como os principais gargalos dos supermercados.

 

Projeções para 2016 – Com o cenário de instabilidade econômica, os supermercadistas ouvidos pelo Instituto Methodus esperam uma pequena recuperação em 2016, com um crescimento real na casa dos 1,2%. “O otimismo está no DNA do supermercadista, por isso esperamos um 2016 com crescimento. Na verdade, o varejista de sucesso será aquele que perceber com maior precisão e velocidade as mudanças que seu consumidor está pedindo nas gôndolas”, conclui Longo.