IEDA RISCO (Repórter da Rádio Guaíba) Estamos acompanhando aqui o encerramento dessa coletiva sobre a prisão deste policial militar envolvido aí com corrupção e também com acesso a dados reservados de políticos e outras pessoas. O promotor Amilcar Macedo está aqui comigo agora e vai fazer um breve resumo. Doutor, começando como vocês chegaram a esse policial? 

 

AMILCAR MACEDO (Promotor de Justiça) – Bom, nós chegamos até esse policial através de uma denúncia de um contraventor que nos procurou relatando as supostas extorsões que estaria sofrendo de um policial militar. A partir deste fato, nós passamos então a buscar elementos de convicção para chegar às pessoas. Começamos investigando fatos.

 

IEDA RISCO (Repórter da Rádio Guaíba) Esse próprio contraventor é que forneceu gravações pra que vocês pudessem ter comprovações de que havia essa extorsão cometida por esse sargento ligado a Casa Militar?

 

AMILCAR MACEDO (Promotor de Justiça) Isso mesmo. Esse contraventor, ele fez, ele prestou um depoimento, e a partir do depoimento dele nós começamos a buscar provas sobre aquilo que ele estava dizendo. Nós ficamos com a palavra desse contraventor contra a palavra do policial. Então, a partir dessas notícias do contraventor nós fomos buscar provas, e muitas das coisas que ele falou foram comprovadas. Inclusive ele disse que havia uma imagem deste sargento que ia depois das dez da noite, na casa dele, quinzenalmente, às vezes semanalmente, em veículos da Casa Militar, veículos oficiais, que fazem segurança da governadora, discretos. E ia nesses horários para buscar essa propina. E que ele teria feito imagens dessas atividades ilícitas. Bom, diante dessa informação dele nós pedimos mandado de busca e apreensão, pra empresa dele, e lá na empresa dele nós conseguimos buscar esse HD, onde tinha as imagens, porque ele diz que não ia nos dar as imagens, tava com muito medo e tal, então nós buscamos as imagens, judicialmente, buscamos, apreendemos outros elementos de convicção, comprovações de depósitos, comprovações de depósitos na conta da mulher do sargento, pagamento de carnês de automóveis, e ele então nos referiu que esse sargento passava semanalmente lá, quinzenalmente, pegando dinheiro em espécie, dinheiro vivo, não era numa tacada só, pegava mil, pegava mil e quinhentos, pegava dois mil. Dava em torno de cinco a seis mil reais por mês, segundo a conta do próprio contraventor.

 

DESCONHECIDO (Repórter) – Só uma questão. Surgiu um fato novo hoje de um oficial também que poderia estar envolvido nesse caso.

 

AMILCAR MACEDO (Promotor de Justiça) – É a notícia que nós tivemos a pouco, é que haveria o envolvimento um outro oficial.

 

IEDA RISCO (Repórter da Rádio Guaíba) É um Tenente Coronel?

 

AMILCAR MACEDO (Promotor de Justiça) Não, não é um Tenente Coronel, é um outro oficial, é da ativa, que também estaria ligado à esse sargento nessa arrecadação.

 

IEDA RISCO (Repórter da Rádio Guaíba) – E esse oficial não está vinculado a Casa Militar e nem ao Palácio?

 

AMILCAR MACEDO (Promotor de Justiça) – Eu não sei onde ele está exercendo suas atividades hoje, eu não saberia lhe dizer isso. 

 

DESCONHECIDO (Repórter) – Essa notícia vai ser investigada a partir de agora?

 

AMILCAR MACEDO (Promotor de Justiça) É, vamos investigar para ver se essa informação... Essa informação chegou através de um disque denúncia, né. Nós então vamos verificar se ela procede. Pode ser procedente como também pode ser improcedente.

 

IEDA RISCO (Repórter da Rádio Guaíba) – Doutor, o senhor falou também em mais de mil e poucos acessos, que esse sargento fazia ao sistema integrado, sistema Consultas Integradas da Secretaria da Segurança, consultando informações de pessoas, inclusive políticos, de um ex-ministro. 

 

AMILCAR MACEDO (Promotor de Justiça) – É, na verdade esses mil e quinhentos acessos ele fazia por mês. No período que nós buscamos né, que nos interessava, nós requisitamos à Secretaria de Segurança, ele fez mais de dez mil acessos.

 

IEDA RISCO (Repórter da Rádio Guaíba) – Informações variadas?

 

AMILCAR MACEDO (Promotor de Justiça) – Informações de toda ordem, todas as informações disponíveis no sistema, elas foram acessadas.

 

IEDA RISCO (Repórter da Rádio Guaíba) – Ele estava buscando informações sobre o que era investigado ou não, se estavam descobrindo o esquema ou poderia esta montando um dossiê político.

 

AMILCAR MACEDO (Promotor de Justiça) – Olha isso eu não posso tirar essa conclusão, não sei pra qual motivo ele buscava essas informações, o que posso dizer para senhora, pelo menos por hora, é que ele buscava essas informações, ele buscou informações de toda equipe que investigava ele, ele buscou informações do próprio contraventor, ele buscou informações do oficial da inteligência que comandou as operações, ele buscou informações desse oficial que foi ameaçado.

 

IEDA RISCO (Repórter da Rádio Guaíba) – Que é um oficial aqui do décimo quinto batalhão que combate essas...

 

AMILCAR MACEDO (Promotor de Justiça) – É um oficial superior, que trabalha na região de Canoas, e como eu disse, é um oficial que tá na linha de frente aí e combate essa jogatina ilegal.

 

IEDA RISCO (Repórter da Rádio Guaíba) – E diretamente a equipe de investigação que trabalhou nessa operação do Ministério Público foi ameaçada também, inclusive o senhor?

 

AMILCAR MACEDO (Promotor de Justiça) Não, eu não recebi nenhum ameaça, apenas eu sugeri ao oficial chefe do serviço de inteligência, que teve devassada a sua vida também, onde ele morava, carro, placa, endereço, inclusive pais dele, enfim. Olha, importante o senhor ficar alerta porque nós não sabemos pra qual motivo essas informações foram pesquisadas. Agora, o porquê dessas pesquisas a partidos, a autoridades eu não saberia dizer por qual motivo ele fez.

 

IEDA RISCO (Repórter da Rádio Guaíba) – Essas ameaças e essas investigações que ele fazia, inclusive a equipe, motivou inclusive que vocês antecipassem uma prisão que não estava programada para acontecer?

 

AMILCAR MACEDO (Promotor de Justiça) Exatamente isso que eu já referi, a idéia não era efetivar a prisão dele nesse momento, era continuar com as investigações, que corriam sob mais absoluto sigilo, mas em função dessas investidas dele com ferramentas de contra-inteligência, contra aquilo que nós estávamos fazendo, ele acessou inclusive a outras operações e não só a Operação Agregação, que está em curso, nós não sabemos nem qual vai ser o prejuízo disso.

 

IEDA RISCO (Repórter da Rádio Guaíba) – É possível dizer que tipo de poder ele tinha dentro da Casa Militar, do Palácio Piratini?

 

AMILCAR MACEDO (Promotor de Justiça) – Olha, eu não sei que poder ele tem, isso eu não posso lhe afirmar, mas ele tinha senhas de acesso, senha master, que podia acessar inclusive sistema de auditoria, e ele saiu da Casa Militar foi titula uma FG que pertencia a um Coronel na Secretaria de Segurança.

 

IEDA RISCO (Repórter da Rádio Guaíba) – Ele está preso no Presídio Militar então né?

 

AMILCAR MACEDO (Promotor de Justiça) – Ele está preso no Presídio da Brigada Militar, no BOE.

 

IEDA RISCO (Repórter da Rádio Guaíba) – Ok, muito obrigada Promotor Amilcar Macedo. Aqui nós falamos diretamente de Canoas. Maria do Carmo, Sílvia e Lila, ressaltando que o sargento César Rodrigues de Carvalho, ele estava lotado na Casa Militar, era integrante do Serviço de Inteligência da Casa Militar, diretamente vinculado a segurança da Governadora Yeda Crusius, tanto que os carros que o promotor mencionou que eram utilizados por esse sargento eram carros também utilizados pela segurança da Governadora. Ele que tinha acesso a esses veículos então praticava essa extorsão e ia buscar o dinheiro do contraventor, esse que possuía máquinas caça-níqueis, tripulando então esses veículos fora do horário de trabalho. Continuamos aqui e a qualquer momento podemos voltar com mais informações.